sábado, 8 de dezembro de 2007

Amor não se impõe

Hoje recebi meu presente Natal. Atendo o telefone. Do outro lado, o meu sobrinho de 14 anos, disfarçando a voz:
- Tia você gostaria de ser minha madrinha de formatura?
Eu, já com os olhos marejados, e rezando para que ele não percebesse a voz embargada (ele detesta pieguice, ao contrário da tia aqui) respondo:
- Claro, com muito orgulho. Este foi o meu melhor presente de Natal.
Imediatamente desconverso (para que ele não perceba que já estou prestes a fungar o nariz) e pergunto detalhes sobre a formatura e como devo me comportar para que ele não pague mico.
Este convite realmente me emocionou muito. Há 14 anos, quando minha irmã ficou grávida, a família toda se mobilizou para a chegada do pequeno que seria primeiro bisneto, neto, sobrinho, filho, etc, etc. Quando minha irmã decidiu que eu seria madrinha então fiquei em êxtase. A cada mês, reservava um dinheirinho da mesada (eu tinha acabado de entrar na faculdade e ainda contava com o paitrocínio) para comprar um presentinho ainda que modesto.
Quando ele nasceu veio a frustração. Ele, simplesmente, me detestava. Chorava no meu colo, jogava papinha na minha cara e quando aprendeu a falar se recusava a trocar uma palavra comigo. Mais crescidinho ficou ainda pior. Adorava dizer que preferia a outra tia (minha irmã do meio) a mim.
Quanto mais eu insistia em conquistar o amor dele, mas ele se afastava de mim. Até que um dia, quando ele tinha uns cinco anos, eu disse:
- Olha eu amo você e isso nunca irá mudar. É uma pena que você não goste de mim, mas quando você resolver gostar eu ficarei muito feliz.
Parei de insistir pela companhia dele, por abraços, atenção. Simplesmente, deixei que, naturalmente, ele se aproximasse de mim.
Pouco a pouco, ele foi se aproximando, se abrindo e hoje tive a certeza de que esta foi a melhor estratégia para conquistá-lo. Aprendi que o amor não pode ser imposto. Ele, simplesmente, acontece ou não. Não é questão de desistir ou abrir mão é apenas deixar que a vida se encarregue de fazer com que ele floresça naturalmente, sem pressões ou cobranças.

Um comentário:

Vai nessa, vai! disse...

Ai que lindo Gi. To até com vergonha, só escrevo besteira aqui, haha. Parabéns. Beijocas