terça-feira, 1 de abril de 2008

O fusca laranja-abóbora

Eu e minha inseparável amiga Vivi, juntas desde a 7ª série, pegávamos dois busões para chegar a faculdade, do outro lado da cidade. Ela tinha um fusca laranja, presente da mãe, mas morria de medo de dirigir. E eu então... nossa senhora. Me dava suador só de ver alguém tirar a mão do volante para arrumar o cabelo. Deus me livre me aventurar ao trânsito desta cidade, pensava.
Um dia, durante uma greve de ônibus, ela me diz: - amanhã vamos de carro, você tem coragem de ir comigo? Eu, morrendo de medo, disfarcei e disse: claro, eu confio em você.
No outro dia partimos as duas (tive de ir até a casa dela a pé, detalhe. Ela não dirigia sozinha), rumo ao Morumbi.
Quando estávamos quase chegando lá, ela bateu o carro. Nada grave, mas o namorado dela teve de ir nos buscar.
Na outra semana, depois do carro já arrumado (a mãe dela era a principal incentivadora), ela decidiu que ia mesmo perder o medo de dirigir. E fomos nós duas novamente felizes no fusca abóbora-laranja.
Chegamos na porta do estacionamento, respiramos aliviadas e dissemos: nossa, ainda bem que hoje não aconteceu nada. Eis que no meio da conversa escuto um barulho de fusca acelerado. Ela me olha e pergunta: - o que eu faço?
Soltou o pé da embreagem e .... sim, batemos contra o muro do estacionamento. Falamos cedo demais.
Ela ficou presa nas ferragens e eu saí para brigar com uma patricinha que tinha um carro do ano e ria da nossa cara. Me lembro como se fosse hoje da cara do dono do estacionamento, que não sabia se a ajudava a sair do carro ou se apartava a briga.

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